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segunda-feira, 13 de março de 2023

O Velho Siamês





O velho siamês chegou de mansinho, como quem nada quer, e ficou observando, sem se aproximar totalmente. Era o momento em que eu alimentava os outros gatos. Ração aqui, ração ali, todos comiam, mas o siamês, à certa distância, só olhava, parecendo cismado. Percebi, obviamente, seu interesse: a ração. Apesar de quieto, parecia faminto. Não sei de onde ele vinha até o ver pela primeira vez, num dia qualquer

Quando os outros terminaram de comer e se afastaram, eis que o velho siamês se aproximou do que restou e começou a comer. Comia devagar, só, atento à ração e cuidando de se proteger. Parecia cismado - e era. Um gato graúdo, de corpo forte, mas aparentando idade. O formato da cabeça, o pelo e certa atitude denunciavam seus anos de vida. Era velho mesmo, mas inteiro, forte, valente, decidido. E ensimesmado, figura de poucas amizades. Chegava, não se relacionava com os outros gatos, esperava sua ração, comia e ia-se embora. Ou ficava por ali, à sombra, pois o sol é bem feroz nesse nosso nordeste, ainda mais em tempos de estio.

Olhando Estrelas



Aglomerado estelar Trumpler 14



Em silêncio, as estrelas brilham. Apenas sua luz, geralmente azul, nos toca. Longe estão, muito longe, umas mais, outras menos. Em céu distante da cidade, vê-se com mais clareza sua força. Misteriosas, mostram seu azul, mas ocultam suas trajetórias, suas vidas. Depois, ao crescermos, descobrimos que a ciência as estuda. Uma ciência em particular:  a astronomia, uma ciência para poucos.

Lembro-me de quando era criança e, nalgum momento, alguém me apontou algo no céu e me deu explicação rasa (informal, pessoal), mas mágica. Agora, a partir daquele momento, havia estrelas, esses entes que eu compararia com a lua, outra forma de astro, e saberia serem mistérios do céu, oriundos das profundezas do espaço sideral, coisa de filme de ficção científica.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

Charlie Parker e Basquiat


Da fanpage em homenagem ao jazzista americano Charlie Parker para o pintor Basquiat:

"Happy Birthday to Jean-Michel Basquiat!
Basquiat was an American artist who rose to success during the 1980s as part of the Neo-expressionism movement. Charlie Parker and the music of jazz influenced many of Basquiat’s most infamous artworks.
Basquait’s piece entitled “Bird On Money” is an homage to Charlie Parker. Rather than a conventional portrait, Jean-Michel Basquiat portrays Parker as a yardbird. It’s painted in the loose, neo-expressionist style that the artist helped pioneer in the 1980s."

 

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O Caderno Livre
é um blog em estilo pessoal, informal, leve, sem maiores pretensões. Algo à maneira dos bloguinhos antigos, os do início desta aventura de blogar. Webston Moura, seu administrador, é brasileiro do estado do Ceará, natural de Morada Nova, mas mora em Russas, no Vale do Jaguaribe. É Tecnólogo de Frutos Tropicais e poeta.
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sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

JOÃO MOREIRA SALLES NO "CONVERSA COM BIAL"


João Moreira Salles, no programa "Conversa com Bial"


João Moreira Salles, filho do embaixador Walther Moreira Salles e irmão do cineasta Walter Salles, é documentarista, produtor de cinema e fundador da revista Piauí.

Está lançando pela Companhia das Letras um livro sobre a Amazônia, "Arrabalde" (https://www.companhiadasletras.com.br/livro/9786559211524/arrabalde).

Por ocasião disso, concedeu interessante entrevista ao programa "Conversa com Bial", da Rede Globo. O programa pode ser visto neste link: https://globoplay.globo.com/v/11205432/.


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quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

VALORIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E CULTURAL


Da página Roman Archaelogy, no Facebook:



https://www.facebook.com/RomanArchaelogy


O texto que acompanha diz:

"Oxford em 1810 e 2015. É assim que a história, a cultura e as tradições são preservadas."

Um aprendizado para qualquer povo sobre a valorização de seu patrimônio urbano, arquitetônico e histórico. A valorização do próprio povo e de sua memória.

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sábado, 19 de novembro de 2022

Vida e Transformação




Passeando com o cachorro, num dia comum, vi, de repente, um couro de sapo. Estava ressecado pelo sol, coberto com um pouco de poeira, a poeira da rua, mas era mesmo um couro de sapo. Ou, melhor dizendo, a remanescência de uma vida, de um ser único, aquele sapo que um dia fora e agora não era mais. Disto me dei conta.

Ah, mas é só um sapo, diria alguém na pressa. E eu responderia: não, não é só um sapo. A natureza produziu aquele ser diferenciado do resto, ele como ele mesmo, único, igual apenas como parte de uma família, a dos sapos, mas dotado de vida própria surgida num momento em que a natureza operou para que aquilo acontecesse, tal a tudo que o milagre da natureza manifesta.

quinta-feira, 17 de novembro de 2022

O Nosso Rio





Beira de rio, raso de água. Entre lodo, plantas e areia, aqueles peixes pequeninos, piabas, furtivamente deslizando. O sol me bate às costas, mas o vento me suaviza o calor. É longe, mas especialmente no tempo. Criança, novamente sou sem maiores máculas. Uma manhã me pertence, como pertence aos meus amiguinhos, esses que brincam, dentro ou fora da água. O tempo os levará e nos esqueceremos uns dos outros. Mas nada disso será por mal. É apenas a vida como ela sempre acontece.

Esta data, que é, como outras, do dia tal dalgum mês, não a lembrarei exatamente quando o futuro chegar. Aqui, à beira deste velho rio, sequer me dou conta de algo mais que o momento. Não sei pescar, nem aprenderei, mas não importa. Mais tarde, observarei minhas mãos enrugadas pelo tempo tanto que passei sob a água. Antes, almoçarei, sem cansaço, afinal, sou criança e não me canso facilmente. A tarde seguirá, lenta e arrastada. Por ora, o rio passa, o tempo passa, sem pressa, e eu cá estou.

Amada Solidão


The Lee Shore (1941) - Edward Hopper


Gosto de ficar só. Mas, obviamente, nem sempre foi assim. Já me apavorei com solidão, especialmente quando jovem. É que o jovem é mais gregário, mais da turma, mais de estar por aí pelo mundo, reunido em bando. E, para tanto, abrir contatos, conhecer novas pessoas e por aí vai. Ou seja, o jovem segue um rumo diferente do rumo da solidão. Mas, de uns tempos pra cá, eu que não sou mais jovem, gosto muito de ficar só. Gosto de ficar no meu silêncio, sentindo-me longe de tudo, como quem viaja de trem por uma paisagem bonita, dia de sol, à janela, olhando, navegando, deixando-se estar, sem pressa e sem desejo, calado.

quinta-feira, 10 de novembro de 2022

O impacto das revistas e conferências predatórias


Wikimedia Commons

|Cientometria, Ética - 22 abr 2022|

A InterAcademy Partnership (IAP), rede que congrega mais de uma centena de academias de ciências, engenharia e medicina do mundo, lançou no mês passado o relatório “Combatendo periódicos e conferências acadêmicas predatórias”, fruto de dois anos de trabalho de um painel de pesquisadores de países como Itália, Malásia, Uruguai, Egito e Benin. Uma das principais contribuições do documento é mostrar que existe um gradiente de comportamentos negligentes e fraudulentos em periódicos e conferências, que devem servir como sinais de alerta para pesquisadores.

segunda-feira, 7 de novembro de 2022

O método de mentir para privar o outro do mundo real







por: Sônia T. Felipe

Todos nós usamos um aparelho celular. No princípio, nos idos dos anos 1980, o "tijolo" era usado apenas para falar com os amigos, os familiares e, vez por outra, com colegas e chefes do trabalho. Por vezes, ele nos salvava de ameaças, chamando os números dos socorristas e resgatistas. Eram tempos mais tranquilos, embora já houvesse telefonemas que envenenavam, tipo os repletos de fofocas e disse-me-disse. Ali tínhamos uma réplica do costume mais antigo dos humanos com o neo-córtex pré-frontal hipertrofiado: falar do outro algo que o reveste com roupagens que não são do figurino dele, para que ele apareça aos olhos daquele que ouve a ficção como personagem outro, um camaleão, não como o que de fato a pessoa é. Trocando as palavras: desenhar o outro como um camaleão para melhor manipular quem nos ouve a falar dele. Isto mesmo: mentir sempre está associado ao desejo de manipular. Todo mundo pensa que somente o objeto alvo da mentira é prejudicado. De fato, prejudicamos a estrutura moral e emocional de quem ouve nossas mentiras ou as mentiras pregadas por outros. Do mesmo modo, estão nos prejudicando moral e emocionalmente ao despejarem fake news. O assédio aprisiona a mente da vítima dele à mente do manipulador.

Com a criação das redes sociais, nosso celular nos dá acesso infinito a zilhões de mundos criados por bilhões de humanos. Um avanço tecnológico? Com certeza. Mas a tecnologia avançada não veio em ritmo capaz de nos deixar ser educados para saber que aqueles zilhões de mundos, criados por bilhões de outras mentes, não são o nosso mundo real, são os mundos deles. Quando nossa mente está mergulhada no mundo de outras mentes, nós estamos alienados. Ali começam os distúrbios, porque os fios que nos ligam a nós mesmas foram cortados.