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quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

Barulho e Perturbação







O barulho dos dias de hoje é algo que muito me incomoda. Percebo que há uma verdadeira epidemia de barulho, o que, para mim, significa uma forma de enlouquecimento das pessoas, já que o barulho é o oposto de comunicação.

Antes, o bairro em que moro era silencioso. Não havia tanta frequência de carros de som anunciando ofertas do comércio local, tampouco outras formas de barulho. Há uma restaurante onde acontece música ao vivo, de quinta a domingo. E o volume de som é alto, vai até à meia-noite, e aguente quem puder. Quando tem futebol na TV, os torcedores empolgados acham de estourar fogos de artifício. E, se é final de campeonato, além dos fogos, passa uma carreata pela avenida próxima, com som alto, motos com canos de escape alterados, gritos e por aí vai. Ainda que tudo tenha terminado, há algo que perdura madrugada adentro: motoqueiros que andam pra lá e pra cá. Lembram-me de filmes como The Warriors, que é sobre gangues de Nova York.

Porém, não para por aí. É comum que indivíduos animados com bebedeiras deem de soltar fogos. Passam o dia bebendo, em casa, na calçada mesmo, comemorando nada e soltando fogos. É a rede social deles, pois, como penso, é a maneira idiota deles dizerem "estamos aqui bebendo", como se o que estivessem a fazer fosse relevante (e útil) às outras pessoas. Não nos esqueçamos, entretanto, de um dos espetáculos mais tristes disso tudo: as campanhas eleitorais terrivelmente barulhentas, bancadas por quem devera dar o bom exemplo, mas que, a pretexto de exercer uma mistura de populismo, baixaria e vandalização do sossego geral, promove carreatas e carros de som, perturbando a todos.

O som, ou seu jeito transtornado, que é o barulho, é algo interessante, pois não respeita geografias. Não dá, pois, para fazer barulho e impor ao mesmo uma espaço-limite: o som (ou o barulho) vai aonde consegue, sem respeitar quem quer que seja. E, se em alto volume, vai longe. Então, o limite do mesmo é, em primeiro lugar, a educação das pessoas; em segundo, medidas de repreensão ou, se necessitar, de punição mesmo, efetuadas, obviamente, pelos órgãos legalmente competentes. Quando a falta da primeira conta com a ausência da segunda, aí tem-se a realidade que relato e que é um problema de muita gente.

Penso que as legislação vigente sobre o assunto tem a sua utilidade, mas que a grande garantia de uma sociedade saudável é a educação mesmo. Deveríamos, então, insistir nisso, levando as pessoas a entenderem que barulho é algo tolo, bobo, burro mesmo, seja para quem faz, seja para quem sofre.

Por sua vez, aqueles que detém o poder, a começar pelo prefeito, deveriam incentivar a população à uma postura adequada e saudável, tanto quanto deveriam, no rigor da lei, aplicar as penalidades cabíveis, como multas.


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O Caderno Livre
é um blog em estilo pessoal, informal, leve, sem maiores pretensões. Algo à maneira dos bloguinhos antigos, os do início desta aventura de blogar. Webston Moura, seu administrador, é brasileiro do estado do Ceará, natural de Morada Nova, mas mora em Russas, no Vale do Jaguaribe. É Tecnólogo de Frutos Tropicais e poeta.
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