Havia uma estrada que eu não sabia aonde ia dar, fosse deste ou daquele lado. Estrada de terra. Do outro lado, o canal do projeto irrigado, do qual me mantinham longe, afinal, eu era uma criança, bem criança.
Às vezes, quando calhava de eu estar por ali, no terreiro, mas ainda perto de casa, olhava a estrada. Um carro aqui e ali, uma carroça com dois bois puxando, alguém a pé, quase ninguém passava. E lá se vinha ele, de bicicleta, sol quente, um vulto que, instante a instante, ia se configurando. Um rádio numa sacola de pano. um balaio de pão na garupa. Um padeiro. Mas não apenas mais um padeiro. Um amigo.
Hoje, uma lembrança. São longe aqueles dias!
Que esteja bem, aonde estiver! Com sua simpatia e sua generosidade.
Parece até que o estou a ver naquela estrada, o sol forte, tarde de um dia antigo. Imagem que me ficou na memória.
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[Obs.: Padeiro se aplica aqui tanto quanto se diz (se dizia) também daquele que faz o pão].
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O Caderno Livre é um blog com uma finalidade muito simples, tal aos primeiros blogs, os quais tinham estilo de diário, um estilo informal. Webston Moura, seu administrador, é tecnólogo de frutos tropicais, poeta, cronista e contista. Administra também o blog Arcanos Grávidos - poesia & outras águas.